18 agosto 2008

Salmo 23 - Uma Nova Explanação

V.1- O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
A ovelha sabe, instintivamente, que o pastor tem reservas para sua alimentação do dia seguinte, assim ela se deita tranqüilamente. O texto declara que não precisamos nos sacrificar para obter as bênçãos de Deus. Pois Ele já providenciou tudo o que necessitamos, antes que viéssemos pedir.

V.2- Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;
O pastor oriental sai com as ovelhas para o campo às 4:00 horas da manhã. Por volta das 10:00 horas, o sol já está quente, e as ovelhas começam a sentir calor, ficam cansadas e sedentas. Ele as leva para um canto fresco e sossegado daquelas pastagens verdejantes, e faz com que se deitem ali. Em repouso, começa a ruminar, sua maneira natural de proceder à digestão.

Por causa de sua pesada lã, as ovelhas são péssimas nadadoras, além de serem muito medrosas. Assim, seu instinto as conduz somente a águas paradas para matar sua sede. O pastor, conhecendo isso, as guia por montanhas e vales à procura de águas tranqüilas, para saciarem a sede.

Se não encontra um lugar tranqüilo, enquanto as ovelhas estão descansando, o pastor apanha algumas pedras e faz com elas uma espécie de represa no riacho, e, assim, até o menor dos cordeirinhos pode beber sem receio.

Deus conhece nossas limitações, e não nos condena por nossa fraqueza. Ele não nos força a ir aonde não nos sentiríamos seguros e felizes. O Senhor nunca exige de nós um serviço que esteja além de nossas energias e habilidades.

V.3- Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Refrigera-me a alma também significa:“Ele me restaura a vida”. Em alguns momentos o espírito humano perde o vigor e a disposição para lutar contra os percalços da vida.

Davi, ao escrever isso, lembrou-se que cada ovelha tinha um lugar específico na fila, e durante todo o dia ela conserva a mesma posição. Algumas vezes, porém, no decorrer do dia, elas deixavam seu lugar e se aproximavam do pastor. Ele colocava a mão no focinho ou na orelha do animal, coçava-o de leve e sussurrava algumas coisas ao seu ouvido. Reconfortada, a ovelha voltava ao seu lugar.

As ovelhas não possuem senso de direção, não enxergam mais que oito ou dez metros à sua frente. As campinas da Palestina eram cortadas por trilhas estreitas, pelas quais os pastores levavam o rebanho para o pasto. Algumas vezes, o pastor as guiava através de passagens íngremes e perigosas, mas os caminhos que passavam sempre dariam em um bom lugar.

Quando vamos pela vida, dando um passo de cada vez, nós andamos com ele nas “veredas justas”.

V.4- Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
O termo “vale da sombra da morte”, significa, apriore, a morte física. Todavia, há outro significado é “o corredor sombrio”, e compreende todas as experiências duras e terríveis da vida. Alguém já falou do vale da sombra da morte, um vale que existe na Palestina, e vai de Jerusalém ao mar Morto. É uma trilha estreita e perigosa que corta as montanhas. Sendo um caminho árduo, é muito fácil uma ovelha precipitar-se ribanceira abaixo e morrer. É uma viagem difícil que ninguém deseja fazer. Contudo as ovelhas não a receiam, porque sabem que o pastor vai com elas.

O pastor sempre carrega uma vara pesado e duro, de cerca de sessenta centímetros a um metro de comprimento, e um cajado, de quase três metros. A ponta deste cajado é recurvada, formando um gancho. Muitas trilhas da Palestina vão margeando íngremes. Era muito fácil à ovelha desequilibrar-se e escorregar para o abismo, ficando suspensa apenas por uma saliência estreita.

Então o pastor estendia o cajado, encaixava-o no peito da ovelha, e a içava para cima, de volta ao caminho certo. A ovelha sente-se, instintivamente, protegida pelo cajado e pela vara que o pastor carrega. É o conforto de saber que o pastor é capaz de solucionar qualquer emergência que surgir.

...“a tua vara e o teu cajado me consolam.” Esta frase dissipa no coração do homem toda a ansiedade e o temor futuro.

V.5- Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
“Preparas-me uma mesa...” Nas campinas da Terra Santa, havia algumas plantas que, se ingeridas, seriam fatais para as ovelhas. Havia outras ainda que possuíam espinhos e arranhariam o focinho do animal, provocando ferimentos sérios. Antes de iniciar o período de pastagem, o pastor saía com um enxadão, e destruía aqueles “inimigos” da ovelha. Mais tarde, ele vinha e amontoava a erva já seca e a queimava. Depois disso, o pasto estava pronto para receber as ovelhas. Ele se tornava, por assim dizer, uma mesa preparada para elas. Os inimigos tinham sido afastados.

“...unges-me a cabeça com óleo...” No fim do dia, o rebanho está muito cansado, sem forças. O pastor se punha à entrada do aprisco e examinava uma por uma as ovelhas, aplicando óleo balsâmico nas que estivessem feridas, que ajudava a cicatriz-a-lo e evitava a infecção. O óleo era usado para impedir que moscas venenosas pousassem e machucassem as ovelhas. O óleo representa hoje, a unção do Espírito Santo de Deus. Quando há “óleo” na vida da ovelha de Cristo, moscas (tipologia de demônios) não pousam nela.

O pastor tinha também um vaso de barro, que conservava a água fresca, pelo processo da evaporação. À medida que cada ovelha se aproximava ele mergulhava na água uma grande caneca, e a estendia para o animal cheia até a borda.

Ao cair da noite, quando retornavam ao aprisco, o pastor examinava as ovelhas, uma a uma. O aprisco corresponde ao nosso momento de oração, de nossa comunhão com Deus. É o momento em que agradecemos a Deus por todas as dádivas recebidas durante o dia.

V.6- Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.
O salmista tinha a convicção de que Deus conhece as necessidades de seus filhos e os atende, restaurando-os a vida e livrando-os do medo. Apesar das nuvens escuras que surgissem, tendo ele como Deus, estava certo de que o sol se levantaria no dia seguinte.

Ao declarar “...habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.” Foi o conhecimento íntimo de Deus que deu a Davi a certeza da salvação eterna, de sua morada eterna na Casa do Senhor.

(autor desconhecido)

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